A Índia é um país de extremos e de contrastes. Depois de uma semana aqui, acho que estou finalmente conseguindo perceber o que tem me deixado tão confuso e, por vezes, desesperado.
Tudo é muito intenso e solicita os meus cinco sentidos ao extremo o tempo todo. Barulhos, cheiros, imagens, toques e gostos me agridem. De um lado, o ruído infernal das buzinas e dos motores; do outro, uma música melodiosa ou ritmada que se insinua inesperadamente. Há o fedor de escapamento, esgoto, carniça, podridão, mas há a fragrância das especiarias, dos incensos. Na boca, o gosto amargo da poluição, um pigarro sólido que arranha a glote; mas também o sabor delicioso da culinária indiana. O toque de um semelhante no meu braço me faz sentir que estou vivo e acordado, calor humano; mas fere quando esse semelhante é tão diferente, miserável, desdentado, faminto, sujo, pedinte. As cenas que os olhos vêem podem ser grotescas, dantescas, ou então lindamente fascinantes.
terça-feira, 11 de setembro de 2007
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2 comentários:
Tá escrevendo bem, heim? Essa pequena narrativa dá uma boa introdução do capítulo Índia.
Cássio
Carlos
Por tudo isso que você está vivenciando, sinto que a minha sensação seria também de dúvidas frente aos contrastes existentes.
Lourdes
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