A minha base principal aqui na Índia é Mumbai, onde deixei a minha mala maior. Saí de lá com uma mala pequena de rodinhas e uma mochila também pequena para estas três semanas de viagem. Ontem montei uma segunda base avançada em Dona Paula, onde deixei a mala pequena e saí apenas com a mochila hoje de manhã para passar dois dias nas praias do norte de Goa.
Peguei três ônibus até Anjuna, onde toda quarta-feira tem uma feirinha famosa. Caminhando pela areia, aceitei a massagem de um senhor, cujo único inconveniente foi deixar o meu cabelo todo besuntado de óleo.
Relaxado e despreocupado, acabei caindo no conto do limpador de ouvido. Assim que subi uns degraus que levam da praia à pracinha da feira, um cara disse que tinha sabão no meu ouvido e pediu licença para limpar. Aí ele pegou um palitinho e disse que era "limpador de ouvidos" profissional, mostrou um crachá e tudo o mais. Pensei "por que não?", depois de uma massagem, uma higiene ótica (não confundir com óptica). Aí o cara disse que tinha uma pedra em um dos meus ouvidos, que era muito perigoso, que eu deveria procurar um médico, mas que ele - e mostrou outro crachazinho - também estava habilitado a fazer isso, cobraria muito menos do que o médico (e muito mais do que tínhamos combinado), etc. Eu mandei ele deixar a pedra lá e terminar logo o serviço de limpeza. Ele acabou tirando a tal da pedra, que, assim como a cera, nada mais é do que algum truque. Dei só o valor da limpeza e o cara veio querer dizer que eu estava querendo passar a perna nele... Eu?! ha ha ha. Mandei ele e os dois comparsas dele catar coquinhos e deixei ele reclamando sozinho.
Se a Índia já é o inferno de quem não gosta de ter que pechinchar e de quem detesta ser abordado a cada cinco segundos por alguém querendo vender algum produto ou serviço, aquela feirinha era o salão de festas do próprio capeta, ainda mais hoje, que era a primeira feira do ano depois das monções. Até pensei em comprar umas almofadas, panos coloridos, camisetas, mas não tinha lugar na mochila nem paciência e resolvi seguir para Baga.
Fui seguindo a areia, as pedras, uma trilha, passei duas montanhas. Não era o caminho normal, mas uma tentativa minha de fazer um trajeto alternativo. Deu certo.
Cheguei à praia de Baga por volta das 14h e almocei xacuti de cação, outro tipo de moqueca. Eu estava cansado de carregar a mochila e resolvi procurar logo uma pousada. Acabei ficando em uma recomendada pelo guia, sem muita pesquisa. Entre escolher o quarto e algumas idas e vindas à recepção para resolver diferentes problemas, fui chegar de volta à praia só quase às seis da tarde.
A praia de Anjuna não era muito bonita, mas a de Baga é bem melhor; uma praia extensa, com areia clara, paisagem de coqueiros, barraquinhas e restaurantes. O problema é que todas elas têm muito lixo na areia e a água tem cor barrenta.
Esta época agora é o comecinho da temporada, então está tudo sendo reformado, pintado; muitas lojas e restaurantes ainda não reabriram. A principal atração daqui, aliás a principal atração do estado de Goa, é um local chamado Tito's, que reúne restaurante, bar, pastelaria, pizzaria e danceteria, em ambientes diferentes. Em termos de importância e onipresença, é semelhante ao Parracho de Arraial d'Ajuda. O dono é amigo do Reyaz. O movimento hoje tava fraco (ou será que era muito cedo?)
2 comentários:
Carlão.
Essa história do limpador de ouvidos é muito bizarra. Tão esquisita que é até difícil imaginar que seja verdade. Mas afinal, quem mais pagaria para um indiano efiar um pauzinho no ouvido e retirar de lá uma pedra?
Sugiro você tomar cuidado com esses caras que andam te engabelando com o argumento cultural. Talvez uma foto bastasse para matar sua curiosidade.
hahah ! Mundo estranho. Estou em Armong na INdia. Uma praia ao lado...Cheguei hoje pela manha e enquanto caminhava da praia para a net uns 3 malucos indianos se aproximarama de mim apontando meu ouvido. Uso aparelho auditivo e achava que eles apontavam para ele buscando alguma forma de pegar dinheiro.
Abri a net procurando infos daqui e vejo o seu blog falando sobre o tal golpe! ehehhe
Carlao, boa viagem por onde estiver. Vim do Nepal e Tibet. Recomendo muito!
boa sorte!
mesquita
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