segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Cingapura

Novamente um problema de nome. No Brasil convencionou-se escrever Cingapura, mas não sei por que cargas d'água. O nome em malaio é Singapura (cidade do leão), em inglês é Singapore e em Portugal é Singapura. Portanto, não sei de onde surgiu esse "C" inicial. Mas, novamente, vou adotar a grafia do Itamaraty.

A história oficial de Cingapura começa em 1819, quando um inglês de nome Thomas Stanford Raffles decide fundar uma cidade no local para servir como um bastião do Império Britânico na região. À época, Cingapura contava com apenas algumas centenas de habitantes, embora já tivesse sido mais próspera vários séculos antes.

Em 1942, foi ocupada pelos japoneses; depois do fim da Guerra, foi retomada pelos britânicos, que deixaram a ilha finalmente em 1947. Durante dois anos, Cingapura fez parte da Federação Malaia, mas declarou sua independência em 1949.

Cingapura é, ao mesmo tempo, uma ilha, um país e uma cidade. Etnicamente, sua população é majoritariamente de ascendência chinesa. Em geral, os avisos impressos são escritos primeiramente em chinês, depois em inglês, depois em malaio. Há também muitos ocidentais vivendo em Cingapura e, assim como na Malásia, eu não me senti um animal exótico andando na rua.

As ruas são arborizadas, as calçadas largas e o trânsito, apesar de intenso, não chega a ficar congestionado. O sistema de transporte público é eficiente, com metrôs e ônibus. Há poucas ciclovias, portanto poucos ciclistas. Por outro lado, há diversos dispositivos de "traffic calming" (restrição de velocidade dos veículos), que facilitam a vida dos pedestres.

Devido ao clima quente e úmido, a maioria dos locais públicos é climatizada. Uma pessoa que não caminhe muito pela rua, apenas saia de casa para o trabalho, depois para almoçar, fazer compras, ir ao banco, etc, consegue não sofrer muito com o calor, já que a temperatura do corpo se mantém durante um certo tempo. É o equivalente inverso do inverno europeu, em que não se sente muito frio, já que a maioria dos locais fechados é aquecida.

Cingapura é conhecida como "the fine city". Apesar do duplo sentido, em geral essa expressão quer dizer que é "a cidade da multa". Multa por jogar lixo no chão, por exemplo. Na prática, isso é mais lenda do que realidade. Não vi quase nenhum policial que pudesse aplicar alguma multa e há, sim, sujeira na rua. Nada mais do que uma cidade européia limpa, mas há.

As religiões parecem ter um papel menos importante na sociedade de Cingapura do que na Índia ou na Malásia, portanto há menos templos e mesquitas.

Um comentário:

Anônimo disse...

"...em inglês é Singapore e em Portugal é Singapura. Portanto, não sei de onde surgiu esse "C"..."

Pois é cara, problemas de burrice e uma portuguesa falta de caráter... :)

No tempo em que os Portugueses por lá andaram, era mesmo "Cingapura".
Chegaram os ingleses e como não fazia sentido para eles, mudaram p'ra "S".
Aí, português amouchou e passou a escrever com "S".
O mesmo aconteceu com "Çamatra", os bandi... perdão, os ingleses chegaram, ouviram e começaram a escrever à maneira deles "Sumatra" que, lido em inglês, é... "Çamatra". E nós... lá fomos atrás outra vez. Mais?
"Molucas" eram... "Malucas" mas inglês ao ler, diz "Mó...", e nós lá fomos, Maria vai com as outras...
Tal como em "Fl(ó)rida", na realidade "Florida" mas, em inglês o "o" abre (xii esta soou mal) e nós...
Agora outra, ridiculamente às avessas..."Rugby" em inglês diz-se
"Râguebi", certo?
Pois em PT aportuguesou e assim se passou a escrever: Râguebi!
Ah, mas como aquilo até veio de Inglaterra, há que inglesar e vai daí passou a dizer-se...
"Réiguebi" !!!

Deliciosas as suas viagens e deliciosos os seus artigos.

Ah, sobre o tal restaurante "português" em Malaca... aquela "cozinha portuguesa" e auquele falar "português" estão tão longe da verdade quanto Malaca está de Lisboa... a 350 anos e 8.000 Kms de distância...