terça-feira, 6 de novembro de 2007

Kuala Lumpur – 2.º movimento

Já mais liberto da comparação com a Índia, num segundo momento comecei a ver Kuala Lumpur e a Malásia de outra maneira. Para não perder o costume, encontrei dois grandes defeitos.

Um deles é o excesso de carros nas ruas. Apesar de não causarem tanta poluição sonora e atmosférica como nas grandes cidades brasileiras, a supremacia dos carros acaba dificultando a circulação de pedestres e outros veículos. Muitas situações me lembraram as cidades brasileiras, com esquinas de raios muito grandes, que facilitam a curva para os carros e dificultam a travessia para os pedestres, carros e motos estacionados em esquinas e sobre calçadas, e aí por diante.

O segundo grande defeito é o sistema de esgoto. Esse é um bom exemplo de que só percebemos a importância de certas coisas quando damos por falta delas. Nas principais cidades brasileiras, acho que há dois sistemas de escoamento, um para águas pluviais e outro para esgoto doméstico. O sistema de drenagem pluvial é "aberto", ou seja, há bocas-de-lobo, ralos, tampas não vedadas, canaletas, etc, o que não provoca nenhum problema, já que a água da chuva é relativamente limpa. Já o sistema de esgoto deve ser vedado, sifonado, sei lá, para evitar que o cheiro de merda impregne a rua. Pois então, parece que aqui os dois sistemas são o mesmo, e ficam abertos. Portanto, você anda em algumas ruas e de repente surge aquela catinga de Tietê. Isso quando não dá pra ver aquela água podre estagnada em alguns pontos. Eu me lembro de ter percebido o mesmo problema uma vez em Arraial do Cabo, no estado do Rio.

Em uma dessas canaletas o vento jogou o meu boné, que acabou ficando por lá mesmo...

Como sou otimista, quero crer que esse sistema foi projetado apenas para canalizar a água da chuva e que a presença de esgoto se deve a conexões clandestinas, espúreas.

Aliás, bem que os dois problemas poderiam ser resolvidos ao mesmo tempo, né? Que tal uma calçadinha aqui?

Só faltou tirar as floreiras do meio do caminho, caramba...

2 comentários:

Luís disse...

Carlos,

Seja otimista: imagina a tua cabeça ali, no lugar do boné. Ainda bem que você não tropeçou :-DDD

Anônimo disse...

Acho que quando se faz uma viagem como você está fazendo, deve-se procurar ver tudo o que é possível e julgar da melhor forma possível.
Entretanto, sempre tive como princípio, nas viagens e/ou mudanças, esquecer das coisas boas do meu local de origem e somente dar importância às coisas boas dos novos locais.
Será que essas canaletas são piores, que o nosso Rio Tietê, que o lago do Ibirapuera que acolhe os dejetos e esgoto do córrego do Sapateiro, o que falar então dos rios Beberibe e Capiberibe, que cruzam a cidade do Recife (recífilis, a venérea brasileira, capital dos pernambucocos), que segundo os pernambucanos são essses rios que quando se unem, formam o Oceano Atlântico. E as condições de higiene e saneamento básico das periferias das grandes cidades, das favelas, das palafitas, do interior do nosso norte e do nosso nordeste.
Acho que devemos ver os problemas dos outros, para evitar que a mesma coisa ocorra conosco, mas sem esquecer de olhar, de vez em quando para o nosso próprio umbigo.