quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

A Grande Muralha

A Grande Muralha da China tem cerca de 6.500 km e levou séculos para ser construída. Trata-se da maior estrutura construída pelo homem em termos de comprimento, área e massa. Diferente da crença geral, porém, não pode ser vista da Lua.

Sua construção começou no séc. V a.C. e perdurou até o séc. XVI, na dinastia Ming, sempre com a finalidade de defender a fronteira setentrional do império chinês. Apesar da quantidade estúpida de recursos materiais e humanos empregados na sua construção, não impediu importantes invasões vindas do norte, notadamente dos poderosos mongóis. Milhões de operários trabalharam nas obras e calcula-se entre 2 e 3 milhões o número dos que morreram na execução da tarefa. Diz a lenda que muitos dos corpos foram aproveitados na própria estrutura do muro.

Atualmente, a maior parte da Muralha encontra-se em ruínas. Muitas seções foram recuperadas ao longo das últimas décadas, sobretudo com fins turísticos.

A partir de Pequim é possível visitar algumas delas. Eu queria ver uma seção que não fosse muito turística. A seção mais badalada chama-se Badaling (fácil de lembrar). Outra bastante famosa é Simatai, que fica um pouco mais longe e proporciona caminhadas de até quatro horas ao longo de trechos não totalmente restaurados.

A Lígia me indicou o Chinese Culture Club, que é um centro cultural voltado para estrangeiros, com cursos e tours por Pequim e região. Eles tinham um passeio para a seção da Muralha de Mutianyu e para as tumbas Ming. Resolvi arriscar e me tornei um grande fã desse centro. Eles cobram um pouco mais caro do que outros passeios para a Muralha, mas o que oferecem é muitas vezes melhor.

Quando eu me atrasei de manhã por causa daquele motorista de motocaixa fdp, eles não iam me esperar, em respeito aos outros clientes, que tinham chegado na hora. Achei super correto, porém consegui que me esperassem oito minutos. Quando entrei no microônibus eu não sabia onde enfiar a cara, todo mundo sentado esperando o brasileiro atrasado, mas fui logo agradecendo todo mundo e pedindo desculpas e o pessoal me acolheu numa boa.

Ao longo do trajeto, a nossa guia Jasmin foi super profissional, falava inglês muito bem, explicava coisas interessantes, respondia todas as perguntas e era simpática.
Uma vez chegando na área de acesso à Muralha, tínhamos duas horas e várias opções para subir e para descer. Eu resolvi subir a pé e me desgarrar do grupo na metade do caminho, para poder ver mais coisas. Andei para a esquerda quase até o final, onde chega um dos teleféricos. Depois andei ao longo de toda a muralha para o outro lado, passando pelo segundo teleférico e indo até o final.

Agora, com vocês, as paisagens deslumbrantes:
Não se enganem com o sol e com a minha (pouca) roupa. A temperatura estava por volta dos 5°C e o vento, de rachar. Eu só estava sentindo calor por causa do esforço físico. Por questões estratégicas, a muralha acompanha a parte mais alta das montanhas, então dá pra imaginar a quantidade e a inclinação das subidas e descidas...
Aqui eu ainda estava com o cachecol do Cássio, em uma de suas últimas aparições públicas...


O que mais me alegrava era poder estar completamente sozinho, ouvindo apenas o barulho do vento. Essas fotos que vocês estão vendo são raras. Normalmente as fotos dos turistas têm vários outros turistas no fundo. Como eu me desgarrei até do meu grupo e não tinha muitos outros grupos por lá naquele dia, consegui ter uma experiência bastante única.
Aqui o cachecol e o casaco já tinham sumido...



Uma placa indicando o final da parte restaurada da muralha.

Claro que eu precisava continuar mais um pouco, né...

Na descida resolvi me divertir um pouco e peguei uma espécie de bobsleigh.
Por fim, o almoço, incluído no pacote do passeio. Excelente comida chinesa!

4 comentários:

Anônimo disse...

Achei muito interessantes as fotos e comentários que você fez até aqui sobre a China e descobri que nas minhas caminhadas dos últimos anos, já andei uma distância semelhante à da Grande Muralha, ou seja cerca de 6.600 km.

Anônimo disse...

Estsva eu procurando roteiro de viagens para Italia, quando me deparo com a sua viagem. Nossa! Muito 10. Seu relato e suas fotos me motivaram ainda mais sair pelo mundo a fora!

Boa sorte na sua viagem

Feliz ano novo

Anônimo disse...

Carlão,

Se você quiser fazer uma trilha por toda a extensão da muralha, você consegue? O acesso é livre? Onde que ela termina (ou começa?)

Veronica Electronica disse...

Obrigada pelas lindas imagens, Carlos.
Uma delícia!