quinta-feira, 26 de abril de 2007

Guias de viagem

Dia desses, o Gabriel Britto, grande viajante que eu conheci no Atacama, Chile, no final de 2005, me escreveu pedindo sugestões de guias de viagem. Caramba, fiquei muito orgulhoso. Vejam a viagem que o cara fez pro Marrocos aí do lado. ->

A minha resposta foi mais ou menos assim:

Olha, desses guias que você mencionou, eu só conheço o Fodor's* e o Lonely Planet. O meu problema com esses guias é que geralmente eles escrevem para os falantes de língua inglesa médios, principalmente estadunidenses, canadenses, ingleses e australianos, que têm uma cabeça diferente da nossa. Nesse sentido, o Lonely Planet é um pouco melhor que o Fodor's.
Para falar a verdade, eu não tenho uma regra para guias. Ou melhor, se tiver alguma, é a seguinte: procuro comprar um guia do próprio país que estou visitando, de preferência no idioma do país. A maioria dos meus guias é assim. Mas é lógico que não dá para a gente entender todas as línguas, então fica difícil. Mas para te dar um exemplo, tenho guias de cidades francesas em francês, guia de Barcelona em espanhol (não catalão), guia de Roma em italiano. Mesmo que eu tenha que usar um dicionário ou perder um pouco na compreensão, eu prefiro.
Voltando aos guias mais genéricos, comprei um Globetrotter da África do Sul e achei muito bom. Mas como a viagem foi abortada (longa história), acabei não usando, então não sei como ele seria na prática, se deixaria de ter alguma informação importante. Ele tem muitas informações históricas e culturais, que me interessam bastante.
Já ouvi falar também de um guia chamado Off the beaten track (ou algo muito parecido) que dá dicas de lugares onde o turista comum não costuma ir. Mas só pelo fato de constarem nesse guia, os lugares deixam de ser tão desconhecidos assim... De qualquer maneira, acho que vale a pena dar uma conferida.
Atualmente eu costumo pesquisar antes na Internet sobre os lugares que vou visitar, sempre seguindo a mesma regra de dar preferências aos sites do país na língua do país. Por exemplo, quando fui pro Atacama, a maioria dos sites que eu pesquisei foram .cl e em espanhol. Mas nem sei se isso é algo a se recomendar; talvez seja bom ler sobre o olhar de um estrangeiro, que pode ter enfrentado problemas (diferenças culturais, etc) parecidas com as que nós teríamos.
Bom, acho que é isso. Vou anotar os nomes dos três guias que você mencionou e eu não conhecia, Rough Guides, National Geographic e Eyewitness, para dar uma olhada quando for em alguma livraria boa.

* Onde se lê Fodor's, leia-se Frommer's. De qualquer forma, como os dois guias são parecidos, a opinião continua válida.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Restrições e alterações

Pelo fato de ter sido paga com milhas, essa minha viagem tem algumas restrições. Algumas delas eu já mencionei, como o máximo de 6 paradas. Além disso, há menos flexibilidade de alterações. Outras restrições são comuns a qualquer viagem, como por exemplo o limite de peso das bagagens.

Bagagens
A informação que consegui com a Delta é que o limite de bagagens é de dois volumes de 32 kg cada = 64 kg, mais um volume de mão de 18 kg, mais o laptop. Ou seja, no total seriam 82 kg + laptop, igual a quando voamos do Brasil para os EUA com as companhias estadunidenses. Mas preciso me informar melhor com todas as outras companhias aéreas que vou usar no percurso. Se não, imaginem que eu saia do Brasil com 64 kg de bagagem (não pretendo, mas nunca se sabe) e depois, no meio da viagem, alguma empresa diga que o limite dela é de 30 kg. O que fazer com o excedente? Melhor garantir antes. Vou ligar para KLM, Air France, Korean e Avianca em breve. Essa informação pode ser importante para definir se vou levar os meus dois dicionários técnicos (de papel), por exemplo, e para decidir como será a minha bagagem (mala, mochila ou ambas).

Alterações de percurso
Inicialmente, tenho vontade de fazer duas alterações no meu roteiro. Em vez de São Paulo > Copenhague com escala em Amsterdã, pensei em parar em Amsterdã e abrir mão do trecho Amsterdã > Copenhague. Assim eu poderia ficar uma semana na Holanda, onde tenho dois conhecidos: o Pascal, em Amsterdã, e a Lou, em Nijmegen. Depois eu precisaria arranjar um jeito de ir de Amsterdã para Copenhague, seja de trem, seja de avião, pagando ou usando outras milhas. A Delta me disse que é possível fazer isso, mas eu teria que pagar uma taxa de US$ 50. Ainda estou pensando, mas acho que pode valer a pena.
Outra alteração que eu pensei em fazer foi na volta. Quando eu estiver na Venezuela, dependendo de alguns fatores (por exemplo, conseguir ou não ir para Cuba), eu poderia ficar uma semana a menos e pagar a minha ida antecipada para Bogotá, de ônibus ou avião. Assim eu poderia conhecer a Colômbia durante uma semana e depois usaria normalmente o último trecho de Bogotá para São Paulo.

Essas duas alterações vão depender basicamente do custo da minha transferência entre Amsterdã e Copenhague e entre Caracas e Bogotá.

Bilhetes emitidos!

Dia 9 de abril, logo depois da Páscoa, os bilhetes foram emitidos. Se vocês repararem, foi também nesse dia que iniciei oficialmente o blog, já que a certeza da viagem se concretizou. Mas não dava para começar anunciando a emissão dos bilhetes sem contextualizar um pouco a viagem. Nem preciso dizer que fiquei feliz em ter as passagens "em mãos". Na verdade, os bilhetes serão todos eletrônicos, exceto os da Avianca, que preciso pedir novamente para eles enviarem em casa, já que ainda não chegaram.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Motivação (2)

Mas toda viagem tem uma razão de ser, ou mais de uma. Por exemplo, uma viagem a trabalho, dependendo do lugar de destino, pode ter apenas a finalidade de cumprir uma obrigação profissional, ou outras finalidades, como conhecer um lugar diferente, revisitar um lugar conhecido, reencontrar amigos e assim por diante. Uma viagem de lazer pode ter uma finalidade exclusiva de relaxamento, turismo, ou pode incluir a busca de um grande amor ou o esquecimento de um grande desamor, dentre tantos outros objetivos.

Na verdade, muitas viagens que eu já fiz não tinham uma razão bem definida a priori, mas acabaram tendo um papel bem definido na minha vida quando analisadas retrospectivamente. Outras tinham um objetivo mais específico. Por alguma razão, pensei que essa viagem ao redor do mundo deveria ter um sentido, um mote, uma razão subjacente. Não apenas passar o tempo. Talvez por isso eu tenha demorado para me decidir em fazê-la, já que não consegui traçar um objetivo claro.

Até agora não sei ao certo o que estou buscando. E também não sei se "buscar" é a palavra certa. Como alguém me disse, pode ser só isso mesmo, uma viagem ao redor do mundo. Será? Algumas coisas eu sei que me movem, como o desafio, a abertura para novas oportunidades, novas amizades, a curiosidade. Mas não sei, eu queria encontrar um fio condutor que orientasse as minhas atividades em todos os lugares em que vou ficar mais tempo.

Por exemplo, o Thiago que deu a volta ao mundo de bicicleta tinha como uma de suas missões ensinar informática nas comunidades pobres. E tinha o grande desafio de vencer as distâncias de bicicleta. Uma missão, hmmm, será que é isso que estou querendo definir?

O meu grande desafio talvez seja conciliar trabalho e lazer. Tracei alguns objetivos preliminares e esse é um deles. Outro objetivo é analisar e documentar "experiências urbanísticas", para confrontar com os problemas que me irritam diariamente no Brasil. Quero reencontrar amigos, conhecer lugares, experimentar comidas. Quero respirar fora do Brasil. Estou me sentindo como um animal aquático com respiração pulmonar, que precisa vir à tona de vez em quando em busca de oxigênio. Não estou agüentando mais a situação no meu país. Estou me sentindo num campo minado, onde a cada dia explodem bombas à minha volta. Tenho a sensação de que um dia eu serei a próxima vítima.

Então a viagem seria uma simples fuga? Acho que não. Fuga é quando a nossa principal referência é o lugar de onde saímos, o destino pouco importa. Acho que a minha necessidade de sair é tão grande quanto a de encontrar alguma coisa. Acho que no fundo estou procurando o país perfeito, onde tudo funcione bem e as pessoas sejam tão perfeitas quanto eu... :-)

Se eu descobrir outras razões para a viagem, escreverei um relato "Motivação (3)".

Motivação (1)

Antes de falar mais sobre a viagem, acho que preciso falar um pouco sobre o que me motivou fazê-la.

Quem me conhece sabe que gosto muito de viajar. Em geral, quase todo mundo diz que gosta de viajar. Então, explico que gostar de viajar, no meu conceito, é quase sinônimo de viajar bastante. Muitos dizem que viajar é caro, o que pode ser verdade, mas quem gosta de viajar viaja com qualquer quantidade de dinheiro. Existem tanto viagens em que se chega ao destino de avião, aluga-se um carro e fica-se em um hotel confortável (em geral, mais confortável que a própria casa), quanto viagens de ônibus, de carro próprio e até de bicicleta, em que ficamos hospedados na casa de conhecidos, albergues, campings, etc. Já fiz viagens dos vários tipos e posso dizer que as viagens do segundo tipo estão ao alcance de todos os que conseguirem ler este blog, pelo menos umas duas vezes por ano.

Além do gosto inato (?) por viajar, tem a questão da oportunidade. Para uma viagem sair em conta, em geral é preciso ter paciência e escolher a melhor época. Neste caso, esperei anos até conseguir juntar as milhas necessárias. E aqui, uma questão me vem à mente: "a oportunidade faz a vontade?" Pergunto isso porque um dos motivos de eu querer fazer essa viagem tão longa foi a simples possibilidade de fazê-la.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

O roteiro

Fim do suspense. Abaixo, o roteiro completo da viagem:











Data Origem > Destino Vôos


LV: Partida
AR: Chegada

01/08/2007

02/08/2007

SÃO PAULO > COPENHAGUE Wed 01AUG Klm Royal Dutch Airl 792 OK
LV S PAULO-GUARULHOS 640P
AR AMSTERDAM 1110A#

Thu 02AUG Klm Royal Dutch Airl 1131 OK
LV AMSTERDAM 315P
AR COPENHAGEN 435P


03/09/2007

COPENHAGUE > MUMBAI Mon 03SEP Air France 1251 OK X
LV COPENHAGEN 705A
AR PARIS-DEGAULLE 905A

Mon 03SEP Air France 134 OK X
LV PARIS-DEGAULLE 1020A
AR MUMBAI/BOMBAY 1035P


01/11/2007

MUMBAI > PEQUIM Thu 01NOV Korean Air 656 OK U
LV MUMBAI/BOMBAY 330A
AR INCHEON KOREA SO 230P

Thu 01NOV Korean Air 853 OK U
LV INCHEON KOREA SO 700P
AR BEIJING CHINA 805P


22/11/2007

PEQUIM > TÓQUIO Thu 22NOV Korean Air 852 OK U
LV BEIJING CHINA 110P
AR INCHEON KOREA SO 405P

Thu 22NOV Korean Air 705 OK U
LV INCHEON KOREA SO 640P
AR TOKYO-NARITA 850P

13/12/2007

TÓQUIO > SYDNEY
Thu 13DEC Korean Air 704 OK U
LV TOKYO-NARITA 155P
AR INCHEON KOREA SO 435P

Thu 13DEC Korean Air 811 OK U
LV INCHEON KOREA SO 725P
AR SYDNEY 725A#

14/01/2008

15/01/2008

SYDNEY > CARACAS Mon 14JAN Korean Air 812 OK U
LV SYDNEY 910A
AR INCHEON KOREA SO 540P

Mon 14JAN Korean Air 71 OK U
LV INCHEON KOREA SO 710P
AR VANCOUVER 1145A

Mon 14JAN Delta 3918* OK N
LV VANCOUVER 450P Coach
AR SALT LAKE CITY 803P
*Operated by Skywest Airlines

Mon 14JAN Delta 418 OK N
LV SALT LAKE CITY 1145P R Coach
AR ATLANTA 512A#

Tue 15JAN Delta 301 OK N
LV ATLANTA 539P D Coach
AR CARACAS 1105P


04/02/2008

CARACAS > SÃO PAULO Mon 04FEB Avianca 81 OK W
LV CARACAS 725P M (W)
AR BOGOTA 815P

Mon 04FEB Avianca 85 OK W
LV BOGOTA 930P M (W)
AR S PAULO-GUARULHOS 515A#


Planejamento (4) - As datas

O meu relato anterior pode dar a impressão de que primeiro pensei no roteiro e depois nas datas, o que não é verdade. Durante toda a fase de planejamento, a pergunta "quando" esteve tão presente quanto "para onde". (Além de outras, por exemplo, "como", "se", etc.)

Da mesma maneira que ocorreu com o roteiro, precisei levar em consideração diversos fatores ao planejar as datas da viagem:
1) a disponibilidade das pessoas que iriam me receber;
2) as estações do ano mais favoráveis conforme o hemisfério;
3) a vantagem de se viajar do Leste para o Oeste, para ganhar horas durante a viagem e não sofrer tanto com o sono nas mudanças de fuso horário;
4) o casamento do Cássio, marcado para 23 de junho de 2007;
5) períodos de mais ou menos trabalho, inclusive alguns trabalhos já previamente agendados.

Digamos que eu consegui conciliar quase tudo, exceto a opção 3.

domingo, 15 de abril de 2007

Planejamento (3) - Os locais

Uma vez definidas as condições, começou o processo de planejamento propriamente dito. O primeiro passo foi confirmar com os amigos que já tinham me convidado e oferecido hospedagem se seria possível mesmo eu ficar na casa deles e por quanto tempo.

O lugar que eu tinha como mais certo era a Índia, onde há muitos anos mora a Helena, minha grande amiga dos tempos de Recife. Outra possibilidade forte era a Austrália, onde mora o Bernie Smith, meu ex-aluno de português e amigo desde 1999. Em terceiro vinha o Japão, onde mora o Takaaki, japonês muito gente fina, colega dos tempos de TVT (IBM). Pensei em outras possibilidades também, como Egito (Dalia), Eslovênia (Marko) e outros países onde moram conhecidos, também da época dos TVTs. A princípio, a Europa Ocidental, onde eu tenho mais amigos e conhecidos, não era uma opção, porque eu preferia usar as poucas paradas permitidas com lugares desconhecidos. Mas no final de 2006, o Bernardo Bengtsson me visitou aqui em Campinas e me disse que seria possível me receber em Copenhague. Apesar de ser Europa, era um lugar que eu ainda não conhecia. Além disso, eu queria confrontar com a realidade a fantasia que eu venho nutrindo com relação à Escandinávia há alguns anos, em especial a Suécia, como sendo um modelo de civilização na Terra.

Ainda me sobravam dois lugares para visitar. Inicialmente pensei na África, o continente esquecido. Mas qual África? A do norte, predominantemente branca e muçulmana: Argélia, Marrocos, Tunísia? A do Sul, mais próspera? A central, mais pobre? A de fala portuguesa? Depois de conversar com alguns amigos, decidi pela África do Sul. Pensei que, se eu pudesse ir para Johannesburgo, poderia aproveitar e tentar ir de ônibus para Maputo, capital de Moçambique, para conhecer mais um país oficialmente de língua portuguesa.

Eu ainda poderia escolher mais um país. África, Ásia ou América? Optei pela China. Contaram a favor da China o fato de ser um país de destaque na mídia atualmente, a rica cultura que me agradou a partir do contato que tive com ela em Taiwan, Hong Kong e Macau (as não-Chinas) e o fato de lá estarem vários conhecidos dos tempos de TVT, além do Caio Martino, da época do Liceu Pasteur, que está trabalhando em Pequim. Como o Caio não sabia até quando ficaria lá, não era um destino certo desde o princípio.

Por uma questão de escassez de rotas para a África pelas companhias do SkyTeam e pela limitação de ziguezagues nas regras do bilhete, resolvi desistir da África e substituí-la por um país da América, já que eu havia atingido o limite de três destinos na Ásia. Novamente, qual país da América? Pensei no mais distante, pelo preço economizado: México? (EUA e Canadá não estavam na lista de candidatos nesta viagem.) Se eu pudesse escolher, iria para Cuba, mas seria difícil conseguir isso com a Delta, já que as empresas dos EUA não podem operar naquele país. Pensei então na Venezuela, onde os fortes laços entre o Hugo Chávez e o Fidel Castro devem ter facilitado os vôos ou navios entre os dois países. E eu queria conhecer a Cuba comunista. Não sei como ficará o país depois da morte do Fidel. Colômbia? Tenho muito curiosidade de conhecer Bogotá, pelas inovações que eles introduziram na área de transportes.

Finalmente, depois de várias ligações à Delta, ficou decidido o roteiro: São Paulo > Copenhague > Mumbai > Pequim > Tóquio > Sydney > Caracas > São Paulo

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Planejamento (2)

Como o Cássio (meu irmão) bem lembrou, vale a pena dizer que, durante os anos em que eu fui acumulando as milhas, tive a oportunidade de conhecer vários lugares interessantes, tanto nas cidades em que fiquei trabalhando, por períodos relativamente longos (entre três semanas e três meses), com em outras cidades que tive a oportunidade de visitar nos fins de semana, feriados ou aproveitando férias depois de concluído o trabalho. Assim conheci várias cidades dos Estados Unidos, França, Espanha, Portugal, Alemanha, Itália, Suíça, Áustria, Taiwan, além de Hong Kong, Macau e África do Sul (apenas uma tarde em Johannesburgo).

Eu demorei para descobrir quais eram as condições desse bilhete de volta ao mundo da Delta. No site não fala quase nada, mas eu me lembrava de ter lido em algum lugar que poderia fazer um máximo de quinze paradas. Durante vários anos, pensei na viagem com esse número em mente. No ano passado, consegui uma revista Viagem cujo tema de capa era justamente "Volta ao mundo" (edição de março de 2005). Ali tinha uma tabela comparativa entre três grupos de empresas que oferecem esses bilhetes (OneWorld, Star Alliance e SkyTeam). Eles também diziam que o grupo da Delta (SkyTeam) permitia 15 paradas e listavam outras condições do bilhete, como distância total máxima, exigência de voar sempre num mesmo sentido, etc.

Dentre as várias possibilidades de fazer a viagem, a minha dúvida maior era quanto à duração: se fazia uma viagem longa, de um ano, intercalando lazer e trabalho; se fazia uma viagem curta, de uns dois meses, só de férias mesmo; ou se fazia uma viagem média, de uns seis meses, sem saber muito bem como conciliar as duas coisas. Quanto ao roteiro, eu pretendia ficar na casa de alguns conhecidos em algumas cidades, onde eu ficaria mais tempo, e os outros destinos seriam os mais exóticos possíveis. Eu pensava em lugares como Uzbequistão, Burundi; enfim, lugares raramente visitados por brasileiros. Mais do que uma necessidade de ser diferente ou "do contra", o que me movia era a curiosidade, ainda mais acentuada depois que conheci o Thiago Ghilardi, em Águas de São Pedro, que fez uma viagem de volta ao mundo de bicicleta. Mas eu também pensava em incluir alguns destinos mais óbvios, como Bali, Tailândia, Bora Bora, sei lá.

Finalmente, no final de 2006, depois do susto da redução da validade das minhas milhas, decidi que a viagem seria em 2007 e comecei a tentar obter todos os detalhes junto à Delta. No site não encontrei nada. Enviei um email, mas responderam dizendo que esse assunto precisaria ser resolvido por telefone. Finalmente, por telefone me explicaram que o bilhete de quinze paradas é um dos bilhetes de volta ao mundo que podem ser comprados. Usando milhas, o número de máximo de paradas era de seis, limitadas a três por continente. Isso mudava muito as coisas.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Planejamento (1)

Pode-se dizer que esta viagem começou a ser planejada lá pelo ano 2000 ou 2001, quando descobri que, com 140.000 milhas na Delta, era possível resgatar uma viagem de "volta ao mundo". A partir daí, sempre que eu viajava ao exterior a trabalho (em geral como testador/tradutor de software para a IBM), eu tentava voar pela Delta ou alguma empresa do Skyteam.

Por volta de 2003 ou 2004, eu já tinha acumulado a quantidade de milhas necessárias. Aí começou uma outra fase, digamos de "preparação psicológica". As minhas milhas eram válidas até 31/12/2008, o que oficialmente significava que eu poderia resgatar as milhas até essa data e viajar até no ano seguinte. Mas na prática, sempre havia a chance de que eu viajasse a trabalho de novo antes disso, o que faria com que a validade das milhas fosse renovada por mais três anos, quase indefinidamente.

Mas em 2005, em conseqüência das dificuldades financeiras enfrentadas pelo setor aéreo desde os atentados de 11 de setembro de 2001, a Delta entrou em concordata ("Chapter 11", segundo a lei de falências dos EUA) e começou um processo de reestruturação. Dentre outras medidas, anteciparam a validade das minhas milhas para final de 2007. A partir desse momento, fiquei com medo de perder a minha viagem e decidi que precisava começar a pensar numa data de partida.